Estamos a assistir ao
maior processo de desqualificação das nossas profissões através de um decurso de “des”- memetização jamais visto noutra profissão: frases como “saíram do
Algarve 25 técnicos”; “cerca de 300
técnicos manifestaram-se em frente ao Ministério”- quando devem ter estado cerca de 1000; dirigentes a quem
são solicitados pareceres sobre as razões da greve, e se reduz a informação a “estes
profissionais lutam por cotas de 30% no topo da carreira”, e podemos, todos nós, acrescentar mais uma qualquer barbaridade lida e ou ouvida na Comunicação
Social portuguesa para nos apoucar.
Esta é uma forma de diminuir a luta, de
ridicularizar a classe, e sobretudo, de desqualificar um grupo profissional que
é um importante pilar seja do SNS seja de qualquer instituição privada dessas
que por aí nascem que nem cogumelos, tal o horizonte que se aproxima.
Qual a objetivação final
destas noticias? Não se trata de noticias falsificadas, mas o formato que lhes
é dado ao ser veiculado pelos órgãos de CS secundarizam a importância das
lutas. Até tornar ridícula a própria luta, e muitas vezes começa de dentro, pelos
que de nós até são os mais avisados que começam a desacreditar e desanimar. Tornar
questões muito complexas em questões ridículas e ou até em evidências efémeras é o que chamo de "des"-memetização.
Estas atitudes podem ter
repercussões fugazes, mas podem também ser para nós devastadoras e destruir a
nossa reputação enquanto grupo inteiro (veja-se a ordem dos fisioterapeutas que
acabou, entre alguns dos melhores de nós criar um certo atrito, mas como foi
tão convenientemente colocada a proposta no mesmo dia da Ordem dos TSDT e uma a seguir à outra produziu o efeito de dividir). Este
processo de “des”- memetização tem como fim minorar uns em relação aos outros,
ridicularizar etc.
A construção de
factos (25 técnicos) ou ausência deles (não difundir um manifesto cheio de denuncias)
são apropriados por uma CS que está repleta de não especialistas formados num
certo fundamentalismo comunicacional que abdica de qualquer argumentação. A
tentativa de tornar invisível acontecimentos que são capas de jornais e abrem
telejornais com outros profissionais é própria das ditaduras, numa deriva de ocultação da noticia.
Se a era da pós verdade
é um conjunto de informações que nos apetece ouvir, relaxando a sua veracidade, a ocultação da noticia é mais perigosa. É amordaçar as vozes que não
interessam, é des-memética para fora, mas é dolorosa para dentro, porque produz
sensações de impotência, de ódio, ironia nervosa, ridículo, auto inferiorização
através da própria imagem ao grupo.
Este
grupo de TSDT é fustigado com este fenómeno, ocultação das suas reivindicações
e ou alteração minimizando-as quando são noticiadas. Um grupo que sabe que tem
“poder” pelas funções que executa e que é reduzido ao mais nojento processo de
inferiorização de que tenho memória. Um processo de “bullyng moral” manobrado
por quem consegue manipular a informação.
Como
diz um dirigente dos TSDT não sabemos como isto vai terminar, mas tenho para
mim que a comunicação social, quando trata a informação desta maneira, passando ideias que podem ridicularizar um
grupo, não explicando, por exemplo, que 25 técnicos num hospital produzem por dia
o equivalente a x médicos e x enfermeiros, está a criar um novo olhar
ético que ultrapassa todos os limites do que pode ou não ser feito e dito pela
comunicação social, do que pode ou não ser fascizante na comunicação social.
Preparemo-nos
de forma inteligente para uma luta dura para nós e para os nossos familiares. Muito cuidado com aquilo que escrevemos e fazemos chegar a orgãos institucionais. Não podemos errar.
Façamos um pacto de união, mesmo que não de sangue que seja de honra.
Façamos um pacto de união, mesmo que não de sangue que seja de honra.
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