sábado, 4 de novembro de 2017

Os TSDT estão a ser vitimas de um processo de “des”-memetização (1)

Estamos a assistir ao maior processo de desqualificação das nossas profissões através de um decurso de “des”- memetização jamais visto noutra profissão: frases como “saíram do Algarve 25 técnicos”; “cerca de 300 técnicos manifestaram-se em frente ao Ministério”- quando devem ter estado cerca de 1000; dirigentes a quem são solicitados pareceres sobre as razões da greve, e se reduz a informação a “estes profissionais lutam por cotas de 30% no topo da carreira”, e podemos, todos nós, acrescentar mais uma qualquer barbaridade lida e ou ouvida na Comunicação Social portuguesa para nos apoucar. 

Esta é uma forma de diminuir a luta, de ridicularizar a classe, e sobretudo, de desqualificar um grupo profissional que é um importante pilar seja do SNS seja de qualquer instituição privada dessas que por aí nascem que nem cogumelos, tal o horizonte que se aproxima.

Qual a objetivação final destas noticias? Não se trata de noticias falsificadas, mas o formato que lhes é dado ao ser veiculado pelos órgãos de CS secundarizam a importância das lutas. Até tornar ridícula a própria luta, e muitas vezes começa de dentro, pelos que de nós até são os mais avisados que começam a desacreditar e desanimar. Tornar questões muito complexas em questões ridículas e ou até em evidências efémeras é o que chamo de "des"-memetização.

Estas atitudes podem ter repercussões fugazes, mas podem também ser para nós devastadoras e destruir a nossa reputação enquanto grupo inteiro (veja-se a ordem dos fisioterapeutas que acabou, entre alguns dos melhores de nós criar um certo atrito, mas como foi tão convenientemente colocada a proposta no mesmo dia da Ordem dos TSDT e uma a seguir à outra produziu o efeito de dividir). Este processo de “des”- memetização tem como fim minorar uns em relação aos outros, ridicularizar etc.

A construção de factos (25 técnicos) ou ausência deles (não difundir um manifesto cheio de denuncias) são apropriados por uma CS que está repleta de não especialistas formados num certo fundamentalismo comunicacional que abdica de qualquer argumentação. A tentativa de tornar invisível acontecimentos que são capas de jornais e abrem telejornais com outros profissionais é própria das ditaduras, numa deriva de ocultação da noticia.

Se a era da pós verdade é um conjunto de informações que nos apetece ouvir, relaxando a sua veracidade, a ocultação da noticia é mais perigosa. É amordaçar as vozes que não interessam, é des-memética para fora, mas é dolorosa para dentro, porque produz sensações de impotência, de ódio, ironia nervosa, ridículo, auto inferiorização através da própria imagem ao grupo.

Este grupo de TSDT é fustigado com este fenómeno, ocultação das suas reivindicações e ou alteração minimizando-as quando são noticiadas. Um grupo que sabe que tem “poder” pelas funções que executa e que é reduzido ao mais nojento processo de inferiorização de que tenho memória. Um processo de “bullyng moral” manobrado por quem consegue manipular a informação.
Como diz um dirigente dos TSDT não sabemos como isto vai terminar, mas tenho para mim que a comunicação social, quando trata a informação desta maneira,  passando ideias que podem ridicularizar um grupo, não explicando, por exemplo, que 25 técnicos num hospital produzem por dia o equivalente a x médicos e x enfermeiros, está a criar um novo olhar ético que ultrapassa todos os limites do que pode ou não ser feito e dito pela comunicação social, do que pode ou não ser fascizante na comunicação social.
Preparemo-nos de forma inteligente para uma luta dura para nós e para os nossos familiares. Muito cuidado com aquilo que escrevemos e fazemos chegar a orgãos institucionais. Não podemos errar. 

Façamos um pacto de união, mesmo que não de sangue que seja de honra.
Desejo a todos uma boa luta com o menor dano possível para cada um de nós.



 (1)Julgo que não existe a palavra “des”-memetização.Utilizo sem rigor técnico-linguístico, como o contrário de memética. Também como um efeito de replicar informação interno/externo de um determinado grupo

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