Fazer a história dos TSDT é fazer a
história do Homem e da Ciência. O conjunto de especialidades dos TSDT, podem
com maior ou menor esforço, com maior ou menos imaginação, encontrar as suas
origens nos primórdios da humanidade, porém, enquanto elementos por direito
daquilo que hoje entendemos por sistemas de saúde eles enquadram-se na história
da medicina ( e da ciência) apenas no século XIX e XX.
A Medicina surge com o primeiro
homem. Conseguimos viajar à Antiguidade e encontrar vestígios desta profissão.
A enfermagem Moderna coloca o seu
enfoque em Florence Nightingale (1820-1910), em plena época vitoriana, mas como
a medicina, surge nos primeiros estágios de civilização quase como uma forma instintiva
de prestação de assistência e por aí se foi meritoriamente acantonando. São o
pilar do “cuidar”, rosto daquilo que representa hoje ser saudável com afeto.
Os profissionais TSDT tornaram-se atores indispensáveis a todos os
sistemas de saúde fruto da evolução tecnológica e
científica. Com o aparecimento, primeiro
do microscópio,
telescópio, termómetro, barómetro, relógio de pendulo e bomba aspirante,
depois uma panóplia de instrumentos mecânicos que explodiram no século XIX,
como o laringoscópio,
estetoscópio, os radiogramas, entre outros, que obrigaram a olhar o corpo
através de entidades novas, a Medicina teve necessidade de se adaptar a novos
conhecimentos e a outros atores.
É um facto, que este
grupo profissional surge no rastilho das invenções e avanços da ciência e é
dela que se alimentam, e por isso nunca se podem confundir nem com a medicina
nem com enfermagem. São absolutamente autónomos e filhos da ciência, da réplica
do corpo, dos gráficos, análises, leituras codificadas, tabelas, radiografias, novas
anatomias, etc. Hoje são agentes indispensáveis para a melhoria da qualidade e
eficácia da prestação de cuidados de saúde adequando os níveis de formação e
crescente complexidade e responsabilidade dos profissionais aos constantes desenvolvimentos
tecnológicos num mundo que se move em rede e globalmente.
Profissionais permanentemente
em adaptações e atualizações técnico-científicas, porque se o corpo humano é
sempre o mesmo a forma como o lemos está em constante evolução. A forma como o
seccionamos, como manipulamos fármacos, como manuseamos novos equipamentos,
como trabalhamos novos olhares sobre o mesmo sujeito, é fruto da evolução técnico-científica
e de cada vez maior expertise.
Historicamente, e se quisermos olhar para a história da ciência, os
TSDT são filhos de Galileu, Newton, Darwin, Einstein e
Heisenberg que obrigaram a alterar a nossa visão do mundo. Estas profissões, todas elas, estão “consubstânciada
(...) na teoria heliocêntrica do movimento dos planetas de Copérnico, nas leis
de Kepler sobre as órbitas dos planetas, nas leis de Galileu sobre a queda dos
corpos, na grande síntese da ordem cósmica de Newton e finalmente na
consciência filosófica que lhe conferem
Bacon e sobretudo Descartes. Uma alteração epistemológica sustentada não só na
ideia de uma melhor observação dos factos mas essencialmente uma nova visão do
mundo e da vida”(Santos, 2010)
Algures entre o final do século XVI e o inicio do
século XVIII o mundo tornou-se moderno. Para percebermos os TSDT temos que
perceber o que é a ciência e para
entendermos o que é a ciência, a sua evolução e história temos de considerar os
momentos antecedentes e os resultados num determinado cronos. E é este o onus
destes profissionais, a constante preparação inteletual para adaptação a todos e
novos paradigmas da ciência.
É por
isso que somos diferentes. Temos a medicina e a ciência no nosso ADN,
sobrevivemos dentro de uma certa hibridização, umas das nossas idiossincrasias,
que nos valoriza em toda a linha. Mais holistico que isto parece-me muito dificil. Nem melhores nem piores, diferentes e
parece-me que negar isto é negar o século XXI, é negar a história, é negar a
evidência cientifica. É fechar a porta ao diálogo e ao debate sério.
Bibliografia:
Canguilhem, G. (1977). Ideologia e Racionalidade nas Ciências da Vida. Edições 70
Bibliografia:
Canguilhem, G. (1977). Ideologia e Racionalidade nas Ciências da Vida. Edições 70
Lyotard, J.-F. [2003 (1979)]. A Condição Pós-Moderna. (J. B. Miranda, Trad.) Lisboa: 3ª Edição. Trajectos- Gradiva
Santos, B. [2010 (1987)]. Um discurso sobre as
ciências (16ª ed.). Portugal: Edições Afrontamento
Whitehead, A. [1953 (1925)]. Ciência e o Mundo
Moderno. Lisboa: Editora ULISSEIA
PARABÉNS colega Carla
ResponderEliminarGosto das suas posturas e análises. Conceição Assis
ResponderEliminarParabéns.
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