quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

A palavra SUPERIOR é muito importante

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Refiro-me à inclusão do vocábulo superior na carreira dos  TÉCNICOS DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA. 
Quem defende que a mudança de designações é um disparate, uma patetice de alguns vaidosos que só querem ser superiores não percebe que não é só uma designação, não é só a introdução de uma palavra, trata-se de renomear e trata-se da transformação das coisas.

Um exemplo que gosto de dar, sobretudo às pessoas mais antigas na profissão, foi a grande mudança que aconteceu com a passagem do uso da palvra "radiologia" para "imagiologia", na designação de alguns serviços. Assisti, ainda nos anos 80 do século XX a esta discussão e desda aí, os vocábulos certos nos sitios certos tornaram-se importantes na minha percepção da relevância da linguagem, que desenvolvi, posteriormente,  por relacionamentos familiares, bem como, nalguns dos anos que trabalhei em marketing comunicacional, que me mostrou o mundo impregnado de conceitos de"global" e "local"(1), do conceito de territorialidade tão importante quando pensamos os limites profissionais, etc

Este exemplo, a mudança entre radiologia/imagiologia mostra que as entidades a que se reduzia uma área disciplinar foram ampliadas e legitimaram a absorção de saberes que começavam a surgir e que poderiam ser absorvidos por áreas disiciplinares mais fortes, como a biologia e bioquímica. Uma visão estratégicas que se não fosse antecipada é provável que a radiologia não fosse o que hoje é. Refiro-me à ecografia e à Ressonãncia Mágnetica e a alguns dos desenvolvimentos disciplinares. Este caminho aumentou a possibilidade de expansão dos antigos técnicos de radiologia e dos médicos radiologistas, mas também aumentou a subjetividade  técnico-cientifica da disciplina/saber.

A designação nova, imagiologia, acabou por validar o processo, mas também o alimentou e resultou que o conhecimento produzido é neste momento "outro",  mais amplo, próximo de alguma intersubjetividade (porque os mundos referênciais e as posições continuam a ser diferentes, entre profissionais de saúde e biólogos ou bioquímicos) por comparação com aquele que era (ou é...) produzido.

Este exemplo mostra bem o quanto um palavra a mais ou a sua alteração podem mudar o curso da história. (Em nada isto contradiz com os debates que correm sobre os serviços voltarem  a utilizar o vocábulo "radiologia", debates que têm outras razões subjacentes e que se tornam legitimos neste momento)

Não podemos deixar-nos levar só pela lutas que pertencem aos sindicatos, melhores salários, maior reconhecimento ( que são muito importantes e nos dão alento se foram vencedoras), temos de parar e repensar o futuro, e incluir todos, pensar com todos. Constituirmos grupos de trabalho sérios e pensar não em cima de decretos leis, nem em cima de opiniões mal amanhadas por desconhecimeto absoluto do que é história menos ainda de como a interpretar.
Precisamos urgentemente de quem de nós apostou nas ciências sociais, nas área da filosofia e da epistemologia, para crescemos com os pés no chão

Precisamos de grupos de trabalho para pensar, e para isso estou disponível

CS
técnica de radiologia
Licenciada em radiologia
Mestre em Antropologia Médica
Pós graduada em estudos contemporâneos (vertente ciência e saúde)




(1) veja-se 

Beck, Ulrich. O que é globalização? Equívocos do Globalismo Respostas à Globalização. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

Giddens, Anthony. O mundo na era da globalização. Lisboa: Presença, 2000.

Weaver, C., J., (2003). History, Modernization and Globality: Preliminary Thoughts, Institute on Globalization and the Human Condition, ttp://www.sociology.mcmaster.ca/institute-on-globalization-and-the-human-condition/documents/IGHC-WPS_03-5_Weaver.pdf



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